J. C. Violla
Bailarino, coreógrafo, ator e professor de dança
Dinâmico e cheio de vida, Violla encontra na literatura um contraponto para a sua agitada arte corporal. "A leitura é uma coisa absolutamente importante para mim", declara.
Ela ajuda a concentração, me leva para dentro, me acalma e alimenta espiritualmente. Quem trabalha muito com o corpo geralmente passa a vida preocupado apenas em esticar a perna, alongar o braço, fazer belos arabescos, enfim, fica preso demais ao próprio físico. Eu não queria ficar assim. Queria 'esticar a cabeça' também. Sou ávido por conhecer as coisas, saber mais. Faço questão de estar bem informado e antenado com o mundo..
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
Contardo Calligaris
Psicanalista
A função essencial da literatura, a seu ver, é a de libertar o ser humano:
A literatura é o catálogo das vidas possíveis e impossíveis. Quanto maior for nossa liberdade, mais necessário se torna ter um catálogo de experiências possíveis para poder exercê-las. Porque ninguém é capaz de inventar uma vida a partir de nada. A vida é inventada a partir de uma combinatória de sonhos que já foram sonhados. A literatura é um meio de aprender a sonhar a própria liberdade. Foi onde aprendi que podia e talvez precisasse viajar, "perder países", como dizia Fernando Pessoa. Na literatura, descobri que havia alhures e que só esses alhures podiam dar algum sentido ao lugar onde, por acaso, eu tinha nascido.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura.
Antonio Candido
Crítico literário e ex-professor de Teoria Literária na USP
As produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. Em todos esses casos ocorre humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.
Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.
Fonte: CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.Voltar
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